Flor do Deserto
Nascida em 1965, aos três anos de idade sofreu mutilação genital
feminina. Waris Dirie fugiu da aldeia em que vivia com a família aos
doze anos de idade, um dia após saber que seria obrigada por seu pai a
se casar com um homem de 60 anos, do qual seria a quarta esposa. Na
época, atravessou sozinha um dos desertos somalis inteiro, sofrendo com
fome e sede e ficando com vários ferimentos nos pés, dos quais até hoje
têm cicatrizes. Conseguiu chegar até a capital de seu país, Mogadíscio,
onde encontrou a sua avó que após algum tempo conseguiu que sua neta
fosse levada a Londres para trabalhar como faxineira na Embaixada da
Somália.
Passou a adolescência apenas trabalhando na Embaixada,
sem sair da casa onde esta se localizava, por isso mal aprendera a
falar o idioma inglês. Após o término de uma Guerra na Somália todos da
Embaixada foram convocados a retornar ao país. Waris Dirie foge pelas
ruas de Londres e com ajuda de uma mulher, que tornou-se sua amiga,
conseguiu emprego como faxineira em uma lanchonete. Lá, enquanto
trabalhava, foi observada por Terence Donovan, um grande fotógrafo, que a
lançou no mundo como modelo. Waris Dirie converteu-se numa defensora da
luta pela erradicação da prática da Mutilação Genital Feminina e
atualmente é embaixadora da ONU. Escreveu vários livros sobre suas
vivências e foi tema de um filme "Flor do Deserto", lançado em 2010 no
Brasil. Wikipedia
'É impossível descrever a dor', diz Waris sobre circuncisão feminina
As
histórias são parecidas: sem aviso, as meninas são levadas pelas mães a
um local ermo, onde encontram uma espécie de parteira que as espera com
uma navalha. Sem qualquer anestesia ou assepsia, a mulher abre as
pernas das garotas - muitas vezes, crianças de menos de dez anos - e
corta a região genital, num procedimento que varia da retirada do
clitóris ao corte dos grandes lábios e à infibulação (fechamento parcial
do orifício genital).
Com Waris Dirie não foi diferente.
"Desmaiei muitas vezes. É impossível descrever a dor que se sente",
disse em entrevista a hoje modelo e ativista contra a mutilação genital
feminina. Dirie nasceu num vilarejo da Somália e foi circuncidada aos
cinco anos.
Após conseguir fugir de um casamento arranjado por seu
pai aos 13 anos, ela foi parar em Londres, onde chamou a atenção de um
fotógrafo. Dirie se tornou modelo internacional e uma ferrenha ativista
contra a circuncisão feminina. Sua história, contada no livro "Flor do
deserto", virou filme com o mesmo nome.
"É uma vergonha que uma tortura bárbara, cruel e inútil continue a
existir no século XXI". Dirie diz que sempre sentiu que aquilo não
estava certo e quando se tornou uma 'supermodelo' pode começar a luta
contra a prática. Aos 47 anos, ela é fundadora de uma organização que
leva seu nome e embaixadora da ONU contra a mutilação feminina.
Ocorrências
Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres vivem hoje sob consequências da mutilação - a maioria na África. A organização tem uma campanha contra a prática, que considera prejudicial à saúde da mulher e uma violação dos direitos humanos.
Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres vivem hoje sob consequências da mutilação - a maioria na África. A organização tem uma campanha contra a prática, que considera prejudicial à saúde da mulher e uma violação dos direitos humanos.
A mutilação ocorre em várias partes do mundo, mas tem
registro mais frequente no leste, no oeste e no nordeste da África e em
comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete países africanos -
entre eles Somália, Etiópia e Mali - a prevalência da mutilação é em 85%
das mulheres.
Um estudo da ONG Humans Rights Watch de junho deste
ano mostra que, no Curdistão iraquiano, 40,7% das meninas e mulheres de
11 a 24 anos passaram por mutilação.
Uma declaração da OMS de
2008 contra a prática diz que a mutilação "é uma manifestação de
desigualdade de gênero, uma forma de controle social sobre a mulher" e
que é geralmente apoiada tanto por homens quanto por mulheres. Segundo o
texto, algumas comunidades entendem a circuncisão como artifício para
reprimir o desejo sexual, garantir a fidelidade conjugal e manter as
jovens "limpas" e "belas".
"Não tem nada a ver com religião. Todas
as meninas que são vítimas de FGM também são vítimas do casamento
forçado. A maioria é vendida quando criança a homens mais velhos. Eles
não pagariam por uma noiva que não é mutilada. É uma vergonha para
nossas comunidades, para os países que permitem a prática. Os homens
temem a sexualidade feminina, essa é a verdade", explica Dirie.
E
ela não é a única a falar abertamente sobre o assunto. A médica egípcia
Nawal El Saadawi, também circuncidada, chegou a ser presa em seu Egito
natal após falar do tema e fazer campanha contra a prática. Sua história
foi contada no livro "A daughter of Isis" ('Filha de Isis'), e em
outros em que aborda a questão feminina nos países do Oriente Médio.
A OMS divide a prática em quatro tipos: o tipo 1 é a remoção total ou
parcial do clitóris; o tipo 2 é a retirada do clitóris e dos pequenos
lábios; o terceiro tipo envolve o estreitamento do orifício vaginal pela
criação de uma membrana selante, corte ou aposição dos pequenos lábios
e/ou dos grandes lábios (a chamada infibulação); o tipo 4 é qualquer
outra forma de intervenção por razão não médica. Os primeiros dois tipos
correspondem a 90% das ocorrências de mutilação, segundo a OMS.De
acordo com a ginecologista da Escola Paulista de Medicina (Unifesp)
Carolina Ambrogini, a circuncisão traz riscos imediatos, como hemorragia
e infecção. "Não temos registros dessa prática no Brasil. A vagina é
uma região muito vascularizada, e há perigo de sangramento intenso,
infecção e até de morte. As consequências a longo prazo são um possível
trauma psicológico e a perda do prazer na relação sexual."
Os casos de infibulação também trazem riscos durante o parto: segundo um estudo da OMS, a mortalidade de bebês é 55% maior em mulheres que sofreram procedimentos para redução do orifício vaginal.
Polêmica nos EUA
No começo do mês de junho, a Academia Americana de Pediatria (AAP) dos EUA emitiu uma declaração indicando que talvez fosse melhor que os médicos fossem autorizados a realizar uma forma leve de circuncisão feminina nas clínicas americanas do que deixar as famílias enviarem as filhas para os países de origem que realizam o procedimento de maneira rudimentar e sem segurança. O texto gerou polêmica e muitas críticas de organizações de direitos humanos - a mutilação genital feminina é proibida por lei nos EUA - e foi retirado pela AAP.
Em entrevistal, a presidente da AAP, Judith Palfrey, disse que a AAP "é contra todas as formas de mutilação e nunca recomendou a prática. Uma confusão foi gerada a partir de uma discussão acadêmica". A relatora da declaração, Dena Davis, disse que médicos acreditam que algumas meninas estão sendo levadas a países africanos para a realização da prática, embora não haja dados sobre isso. "O objetivo do texto era educar os médicos para tentar orientar as famílias que pedem pelo procedimento."
A última declaração da OMS contra a prática afirma que o trabalho junto às comunidades está tentando reverter o costume e tem obtido sucesso em algumas regiões, apesar da lenta taxa de redução.
"A prática continua porque o mundo não toma nenhuma atitude séria contra isso, nem a ONU nem nenhum outro país do mundo. Encontrei muitos políticos. E ouvi muito 'blábláblá'. Mas não vejo nenhuma atitude séria para acabar com esse crime", protesta Dirie.Fonte: http://g1.globo.comImagens: Google
Os casos de infibulação também trazem riscos durante o parto: segundo um estudo da OMS, a mortalidade de bebês é 55% maior em mulheres que sofreram procedimentos para redução do orifício vaginal.
Polêmica nos EUA
No começo do mês de junho, a Academia Americana de Pediatria (AAP) dos EUA emitiu uma declaração indicando que talvez fosse melhor que os médicos fossem autorizados a realizar uma forma leve de circuncisão feminina nas clínicas americanas do que deixar as famílias enviarem as filhas para os países de origem que realizam o procedimento de maneira rudimentar e sem segurança. O texto gerou polêmica e muitas críticas de organizações de direitos humanos - a mutilação genital feminina é proibida por lei nos EUA - e foi retirado pela AAP.
Em entrevistal, a presidente da AAP, Judith Palfrey, disse que a AAP "é contra todas as formas de mutilação e nunca recomendou a prática. Uma confusão foi gerada a partir de uma discussão acadêmica". A relatora da declaração, Dena Davis, disse que médicos acreditam que algumas meninas estão sendo levadas a países africanos para a realização da prática, embora não haja dados sobre isso. "O objetivo do texto era educar os médicos para tentar orientar as famílias que pedem pelo procedimento."
A última declaração da OMS contra a prática afirma que o trabalho junto às comunidades está tentando reverter o costume e tem obtido sucesso em algumas regiões, apesar da lenta taxa de redução.
"A prática continua porque o mundo não toma nenhuma atitude séria contra isso, nem a ONU nem nenhum outro país do mundo. Encontrei muitos políticos. E ouvi muito 'blábláblá'. Mas não vejo nenhuma atitude séria para acabar com esse crime", protesta Dirie.Fonte: http://g1.globo.comImagens: Google
Post original do Blog MARILYNVIVE > Veja este e outros post's acesse:
http://marylinvive.blogspot.com/2012/10/waris-dirie-flor-do-deserto.html
http://marylinvive.blogspot.com/2012/10/waris-dirie-flor-do-deserto.html
Para comprender a realidade da mulher em África você tem que asistir este filme.
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