O desgaste missionário

O desgaste missionário nas questões financeiras
Clói Marques Pereira

Recibi tudo e o que tenho e mais que o suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês me enviaram. São uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus. (Palavras de Paulo à Igreja de Filipos 4.18 - NVI)

Infelizmente, esta não é a regra; é a exceção. A maioria dos missionários tem sustento incompleto. Poucas igrejas têm um planejamento financeiro na área de missões. Muitos missionários voltam dos campos para rever e reaver tal questão.

O gasto com o consumo é maior que com investimentos. No princípio da Igreja, os cristãos mostram-se canais, mas, com os anos, tornam-se depósitos. Por que isso acontece? Não é perigoso o sal ficar muito tempo dentro do saleiro? Jesus disse que o sal pode ficar insípido (cf. Mt 5.13). Isso, com certeza, vai gerar o nominalismo, que, por sua vez, afetará o financiamento da obra missionária. A meu ver, a maior tragédia do nominalismo é a autocentralização. A palavra eclésia ou igreja (em grego: ekklesía) significa basicamente "os chamados para fora", dando a entender um grupo distinto e tirado para fora de um lugar ou comunidade.

A questão financeira tem sido apontada como um dos fatores principais do abandono  a campos missionários por parte dos missionários brasileiros¹. Isto é um contra-senso, levando-se em conta o número reduzido de missionários em proporção as estatísticas do crescimento da igreja evangélica brasileira. A retenção do dinheiro de missões não afeta somente os missionários que vão, mas também os crentes que ficam, pois estes deixam de receber lições preciosas, tais como generosidade e desprendimento, ingredientes essenciais para a aprendizagem e prática do serviço cristão.

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¹TAYLOR, Willian D, Valioso demais para que se perca. londrina: Descoberta, 1998, p, 228.
 Do livro: Perspectivas do cuidado missionário, João Pessoa: Betel publicações, 2011, p, 203, 204.